sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O Homem Medieval e o Homem Moderno

Ignacio B. Anzoátegui



“O homem medieval sentia o cheiro do pecado; o homem moderno se empenha em desinfetar o cheiro do pecado. O homem medieval fazia penitência depois de pecar, o homem moderno adota precauções antes de pecar. O homem medieval corria o risco da imundice; o homem moderno procura um seguro de saúde. O homem moderno é o animal que acredita ser algo mais que um homem e sustenta que o homem é algo menos que um animal. É o animal que utiliza sua inteligência para predicar ao homem a primazia do instinto: a primazia de um instinto que ele mesmo cria no homem, como se este não tivesse demasiado trabalho com seus instintos. É o animal que inventa uma sela para o homem religioso e inventa uma selva para o homem político; o animal que inventa uma nova espécie de fome para o homem político: uma selva e uma fome que obrigam o homem a crer-se algo menos que um animal. É o animal que proclama a santidade da animalidade. É o homem ressentido contra a grandeza da Igreja e contra a grandeza do Reino; o animal que levanta o homem contra a Autoridade e contra o ungido pela Autoridade: porque a desordem religiosa leva necessariamente a todas as formas da desordem, como todas as formas da ordem levam necessariamente a ordem romana. O homem moderno é o inimigo da ordem porque é escravo de sua rebeldia; é o animal que persegue a instalação de uma ordem inventada por ele, porque ele é impotente para viver na ordem. É o inimigo da Igreja porque a Igreja estabelece a ordem nas almas e é inimigo do Reino porque o Reino assegura a ordem dos homens. É o animal que, pelo caminho da higiene, quer converter o homem em um animal de apetite carnívoro e de digestão vegetariana e é o animal que, pelo caminho da fraternidade, quer converter a sociedade dos homens em uma sociedade de moluscos anêmicos. Porque o homem moderno quer, a todo transe, suprimir o heroísmo”.